Gritos e ameaças
Recentemente
conversei com uma Mãe que se sentia muito frustrada. A sua relação com os
filhos estava a passar por uma fase realmente complicada. Tinha dificuldade em
demonstrar autoridade perante os filhos (O dever de ser Autoridade) e só conseguia que os filhos fizessem o que lhes
pedia com gritos e ameaças.
Começamos por
trabalhar a questão da autoridade, da importância de sermos os guias que
orientam os filhos, que lhes transmitem valores, que lhes colocam regras. Não
por uma questão de puro poder, mas porque somos responsáveis por educá-los e
isso implica estabelecer limites bem definidos, ensinar a fazer boas escolhas,
transmitir segurança e acima de tudo ser exemplo.
De seguida,
debruçamo-nos sobre a importância de conhecer bem o temperamento de cada filho
(Os 4 Temperamentos), para poder
adaptar a forma de educar e, assim, conseguir orientar com mais eficácia e
ajudar a extrair o que de melhor ele tem. Esta fase foi realmente reveladora
para esta Mãe. Apercebeu-se que muitos dos comportamentos dos filhos não eram
tentativas de a desafiar (como ela sentia). Eram antes resultado da forma como
percecionavam o mundo, ou seja, do seu temperamento. Esta nova visão permitiu
uma maior compreensão de cada filho, o que, só por si, ajudou a trazer mais
leveza à relação Mãe-Filho.
Debruçamo-nos
também sobre o impacto dos gritos e as ameaças em cada temperamento. Na verdade,
os gritos e as ameaças tornam as relações menos harmoniosas e acabam por afastar
as pessoas. Esta quebra de conexão acontece de maneiras diferentes de acordo
com o temperamento:
· Os coléricos perante gritos e ameaças tendem a confrontar os pais e a
entrar numa luta de poder. Ao receber um grito ou uma ameaça, a reação natural
do colérico é responder na mesma moeda, gritando ou ameaçando.
· Os sanguíneos assustam-se. Mas como não retêm a informação acabam por
não aprender. Se os gritos e as ameaças forem uma situação constante, eles
deixam de reagir.
· Os fleumáticos também se assustam. Sentem que a situação é muito
injusta. E a longo prazo podem revoltar-se e isolar-se dos pais.
· Os melancólicos perante os gritos e as ameaças obedecem. No entanto, com
o passar do tempo tornam-se inseguros, indecisos e assustadiços.
Compreender os impacto dos gritos e das ameaças no desenvolvimento dos filhos e na relação Mãe-Filho, foi sem dúvida o ponto-chave. Perceber de que modo este comportamento poderia influenciar negativamente a aquisição de competências como autonomia, autoconfiança, autoestima e autorregulação, foi o grande impulso que esta Mãe precisava para começar a trabalhar na sua autorregulação e assim procurar alternativas. A ideia de estar a quebrar o vínculo (Vínculo - Como é a tua relação com os teus filhos) com cada um dos seus filhos, fê-la querer abrandar e pensar: “Que Mãe quero ser para estas crianças?”, “Como quero que se lembrem de mim?”
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