A Frustração Infantil e o Papel dos Pais no Desenvolvimento Emocional


A frustração está presente em todas as etapas da vida, mas que ganha contornos mais intensos durante a infância. Para as crianças, enfrentar um "não", lidar com limites ou aceitar que algo não saiu como esperado pode ser um desafio gigantesco. A capacidade de gerir a frustração é essencial para o desenvolvimento emocional saudável e, como pais, temos a responsabilidade de guiar os nossos filhos neste processo.

No entanto, essa orientação não pode ser generalizada. Cada criança, dependendo do seu temperamento, experiencia, reage e lida com a frustração de forma única. Compreender o temperamento de cada filho (Os 4 Temperamentos) é a chave para oferecer o apoio que ele realmente precisa.


As crianças coléricas (determinadas e enérgicas) sentem-se frustradas quando, na sua ótica estão perante uma injustiça, têm falta de controlo, sentem-se impotentes ou limitadas, ou não conseguem alcançar um objetivo que estabeleceram. Nestas alturas não escondem o seu descontentamento e podem demonstrar raiva, levantar a voz ou até mesmo agir de forma impulsiva. Os pais têm o importante papel de lhes mostrar que nem sempre podem controlar tudo. Devem proporcionar-lhes pequenos desafios que possam superar gradualmente e reforçar a importância de respeitar limites. É importante que o esforço das crianças seja valorizado, não apenas o resultado.

Para as crianças sanguíneas (sociáveis e otimistas) perder a oportunidade de se divertir, sentir-se excluídas ou não ser o centro das atenções, são motivos para se sentirem frustradas. Ao contrário das crianças coléricas que tendem a ter reações explosivas, as crianças sanguíneas ficam tristes ou desanimadas. Neste caso, os pais, conseguem facilmente ajudá-las a ultrapassar esta dificuldade, mudando o foco para algo que lhes traga alegria. Para além disso, é importante que as ajudem a perceber que nem sempre é possível estar no centro das atenções. Devem, também incentivar o desenvolvimento da autorregulação, a valorizar os momentos de calma e a saber esperar.

As crianças fleumáticas (calmas e observadoras) sentem-se frustradas perante muita pressão, mudanças inesperadas ou quando é necessário que tomem decisões rápidas. Nestas situações tendem a fechar-se em si mesmas ou a procrastinar como forma de evitar a situação. Os pais devem respeitar o seu ritmo, encorajando-as a dar pequenos passos em direção aos seus objetivos e mostrando o valor de sair da zona de conforto de forma gradual e sem pressão.

As crianças melancólicas (sensíveis e analíticas) gostam de tudo bem feito (com método) e de saber com o que contar. Por isso, quando as coisas não correm como planeado, não atingem a perfeição que desejam ou se sentem incompreendidas, ficam frustradas e retraem-se, choram ou mostram sinais de autopunição (surge a sensação de que não se sentem suficientemente boas). Os pais precisam de as encorajar a aceitar que errar é humano e que as falhas fazem parte da aprendizagem. Estas crianças necessitam de sentir que têm, junto dos pais, um espaço seguro para expressar os seus sentimentos. Para além disso é fundamental que os pais as ajudem a reformular os pensamentos autocríticos.


A postura dos pais perante a frustração dos filhos
  1. Sê o porto seguro. Mostra-te disponível e acolhedor. As crianças precisam sentir que podem contar contigo para lidar com as dificuldades emocionais.

  2. Sê empático. Antes de corrigir ou disciplinar, tenta compreender o que a criança está a sentir. Coloca-te no lugar dela e valida os seus sentimentos.

  3. Orienta com paciência e consistência. Ensinar a lidar com a frustração leva tempo. Reforça os valores e formas de agir que queres transmitir, mostra-lhes as consequências com respeito e adapta a orientação às necessidades do momento.

  4. Evita proteger em excesso. Embora seja natural querer evitar o sofrimento dos filhos, protegê-los de toda frustração impede que desenvolvam resiliência e competências para resolver problemas.

  5. Dá o exemplo. Mostra como tu próprio lidas com as frustrações do dia a dia. Sê um modelo de autorregulação, perseverança e otimismo.


Orientar os filhos na gestão da frustração não é apenas um ato de amor, mas também uma preparação para a vida. Quando respeitamos o temperamento de cada criança e oferecemos o apoio necessário, ajudamo-las a crescer mais fortes, confiantes e emocionalmente equilibradas.

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