Olhar de cima



No último fim de semana tive a oportunidade de participar nas Jornadas Mundiais da Juventude em Lisboa. Foi um fim de semana intenso, com muita meditação e reflexão sobre tudo o que o Papa Francisco transmitiu.

Ontem, escrevi uma reflexão sobre dois pontos que me parecem muito importantes para nós, pais e educadores dos jovens do futuro. Ainda assim, vou aprofundar um pouco mais este tema.

 

O primeiro ponto é o incentivo para a ação “Levanta-te!”

Hoje em dia falamos muito sobre empatia. Queremos ensinar os nossos filhos a estar atentos aos outros e a procurar compreender os seus sentimentos, mas é preciso ir mais além. É preciso ensinar a passar à ação. Ensinar a levantar-se e a ajudar. Ensinar a ter iniciativa. Ensinar a fazer o que é preciso ser feito, independentemente daquilo que os outro fazem ou dizem. Ensinar a ter coragem.

Para alguns filhos, os coléricos, passar à ação será fácil, pois são orientados para a ação. A estes será necessário ajudar a refletir antes de agir, pois são tão rápidos a agir, que tendem a fazê-lo sem pensar duas vezes nas consequências.

Aos sanguíneos será necessário ajudar a manter o foco, pois embora também respondam prontamente, tendem a perder o interessa assim que deixa de ser novidade.

Tanto os fleumáticos como os melancólicos receiam errar, por isso, tardam a agir. Os fleumáticos, orientados para a paz, precisam de orientação para poder ver que determinada ação não vai gerar conflitos, mas pelo contrário vai incentivar a sua ausência. Os melancólicos, por sua vez, gostam muito de refletir e sentir que têm uma visão com toda a informação. Só depois partirão para a ação.

 

O segundo ponto é "O único momento em que é lícito olhar alguém de cima para baixo é para o ajudar a levantar."

Desta frase do Papa Francisco podemos tirar duas ideias principais.

Em primeiro lugar, o Papa chama-nos a ser humildes. Ao contrário do que muitas vezes se pensa, ser humilde não é achar que os outros são melhores do que nós. Humildade significa não só ter consciência das nossas fraquezas, mas também da nossa dignidade e dos nossos talentos pessoais. É a humildade fraterna que nos impele a a ajudar os outros, a ajudá-los a crescer, ou seja a partir para a ação. Sendo assim, ensinar os nossos filhos a ser humildes é ajudá-los a não ser indiferentes ao que os rodeia.

Por outro lado, sabemos que a vida não é um caminho plano, está cheio de subidas e descidas, com as quais vamos aprendendo e crescendo. Também isto devemos ensinar aos nossos filhos. Nem sempre estarão no alto das montanhas, nem sempre estarão no fundo do vale. Haverá alturas em que serão ajudados e alturas em que ajudarão os outros. Faz parte. Mas só nessas alturas deverão olhar os outros de cima, para os ajudar.

Também nós olhamos e olharemos os nossos filhos de cima muitas vezes. Não porque somos melhores do que eles, mas porque estamos cá para os ajudar a levantar sempre que caírem!

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