Estou cansada de repetir sempre a mesma coisa
Ter que repetir 1000 vezes a mesma coisa é desgastante e faz-nos sentir ignoradas, desautorizadas, frustradas e cansadas.
Quando esta situação acontece diariamente, o ambiente familiar torna-se tenso, as discussões e os conflitos aumentam, a qualidade do tempo em família diminui e da relação que estabelecemos com os nossos filhos torna-se frágil.
Mas porque é que temos que repetir tantas vezes a mesma coisa?
Porque é que muitas vezes os nossos filhos só fazem o que lhes pedimos quando já passamos para a fase dos gritos e das ameaças?
Há vários fatores que podem estar na origem deste drama familiar.
Por vezes a qualidade da relação que estabelecemos com os nossos filhos não é a melhor, seja porque estamos muito ausentes, porque quando estamos juntos não criamos espaço para estarmos realmente presentes (ecrãs, excesso de atividades extracurriculares, etc.), ou porque não sabemos comunicar (escutar com empatia e falar de forma tranquila). Como vês são muitos os motivos que impedem a criação de laços saudáveis entre nós e os nossos filhos. Nestas alturas torna-se mais frequente que os filhos não façam aquilo que lhes pedimos, pois não se sentem verdadeiramente amados.
Se estivermos a falar de crianças mais pequenas, até por volta dos 4 anos, é muito natural que tenhamos que repetir várias vezes a mesma coisa. Nesta fase ainda têm muita dificuldade em controlar a sua vontade, ou seja, a tendência é fazer o que apetece e não o que é pedido. Assim, precisam da nossa ajuda para aprender a autorregular-se.
Pode também acontecer que aquilo que estamos a pedir não esteja de acordo com os interesses dos nossos filhos (Uma questão de Perspectiva). Nestas alturas, as crianças tenderão a satisfazer primeiro os seus e só depois os nossos. Para contornar esta situação, é bom termos em consideração aquilo que é importante para os nossos filhos e o que é importante para nós, e depois procuremos encontrar um equilíbrio que permita satisfazer as necessidades dos dois lados.
Outro fator que influencia e muito a resposta dos nossos filhos às indicações, pedidos ou ordens que lhes damos é a forma como o fazemos. É importante que falemos de forma afirmativa (dizer o que queremos que façam), direta (sem rodeios ou muitos floreados), assertiva (Clara e Assertiva) e com autoridade (O Dever de Ser Autoridade). Para conseguirmos fazer isto, temos, antes de mais, que ter a consciência das capacidades dos nossos filhos para a execução do pedido. Depois, precisamos de ter clareza do que queremos pedir e da importância deste pedido para o bem da família.
Após fazermos o pedido, temos a tendência a ficar de vigia para confirmar se está a ser feito o que pedimos, mas na verdade devemos apenas confirmar se os nossos filhos compreenderam o que lhes dissemos, sair de cena e deixá-los fazer o que têm a fazer. Se ficarmos à espera da reação, estamos a dar-lhes a oportunidade para que comecem a argumentar e a procurar formas de não cumprir.
Por fim, quando os nossos filhos não querem fazer o que pedimos, procuram vencer-nos pelo cansaço. Ou seja, "obrigar-nos" a repetir até desistirmos e irmos nós fazer. É importante não ceder à "vontade de não fazer" dos nossos filhos, pois isso vai abrir caminho para que no futuro voltem a repetir este comportamento.
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