Não me berres
Quantas vezes
já deste por ti a berrar com os teus filhos?
Porque estão a
fazer uma birra…
Porque não fazem
o que tu dizes à primeira…nem à segunda…e muitas vezes nem à terceira…
Enfim,
certamente existem um sem número de situações em que por desespero lá lhes
falaste mais alto…
Antes de mais,
é importante que te concentres um bocadinho em ti! Sim, em ti!
Pensa nos
motivos que levam a berrar com os teus filhos.
Pensa em que
situações o fazes.
Pensa como te
sentes quando o fazes…está cansado, tiveste uma reunião que correu mal, o teu
chefe gritou contigo, tens mil e uma coisas para fazer e não há maneira de tornares
a tua lista de tarefas mais curta… Acredito que existam vários fatores que te
levem a sentir triste, cansado, frustrado,…
Muitas vezes
os motivos que nos levam a ficar tão “irritadiços” nada têm a ver com os nossos
filhos…e infelizmente, acabam a ser eles “a levar por tabela”.
Falo por
experiência própria. Já dei por mim a berrar com os meus filhos porque me
sentia cansada e ansiosa por vê-los na cama. Mas depois pensei: “É assim que
quero passar o tempo com os meus filhos? Já não basta estarem o dia todo na
escola e quando chegam a casa levam com a mãe aos berros? Que tempo de
qualidade passo com eles? Só ao fim de semana?”
Assim,
procurei estratégias para me concentrar e ser melhor mãe (e parar de berrar).
Aqui estão os passos que sigo para o conseguir:
1º Quando
estou com eles não penso em trabalho. É o meu tempo em família. O trabalho é
para fazer quando não estou com eles (se tiver que fazer alguma coisa em casa,
só faço quando estiverem a dormir). Por isso, o tempo com eles é para fazermos
as nossas brincadeiras, jogos, passeios pinturas, plasticina, etc.
2º Não sou
pessoa de me exaltar. Não falo alto a ninguém, muito menos berro aos outros.
Então por que é que berro a duas das pessoas que mais amo? Não me parece muito
lógico. Se juntar a isto o facto de pensar como me sentiria se falassem comigo
aos berros, torna-se ainda mais fácil perceber que berrar não é o caminho.
3º Vale sempre
a pena lembrar que os nossos filhotes são umas super esponjas. Logo, se lhes
berramos não podemos estranhar que nos respondam na mesma moeda…O que certamente
não é o objetivo…
Desde que
comecei a trabalhar estes três pontos, tenho notado imensas diferenças em mim,
na minha forma de estar e de encarar cada situação, e também nos meus filhos. Por
exemplo, no outro dia a minha filha entornou o copo de sumo na toalha de mesa
lavadinha acabadinha de pôr… Noutra altura, eu teria começado logo aos gritos,
mas desta vez não. Respirei fundo e pedi-lhe para ir buscar um pano à cozinha
para se limpa o sumo. Ela ficou tão espantada que nem se mexeu. Eu apercebi-me
do espanto dela e perguntei-lhe o que se passava, ao que ela me respondeu: “Não
me vais gritar?” Confesso que fiquei com o coração pequenino, ela já estava à
espera de mais um berro. Expliquei-lhe que tinha percebido que não tinha
entornado o copo de propósito e que os acidentes acontecem, o importante era
fazer as coisas com atenção. E acima de tudo, aprender com os erros para da próxima
vez fazer melhor. Acabou por ser muito interessante, pois também lhe disse que
não gostava de berrar ao que ela me respondeu: “Então fazemos assim, tu ajudas-me e
ensinas-me a fazer as coisas direito e eu vou ajudar-te a não berrar!” 😊
Não podia ter
sido melhor!!!
Confesso que
volta e meia me sai um berro, mas logo procuro outro modo de resolver a
situação. Para além disso, a minha filha está atenta e relembra-me que queremos
uma casa sem gritos! 😊
Acredito que
haja alguns pais a questionar-se: “Mas então como é que é? Os miúdos agora é
que mandam?”
Nem pensar! Nós somos os pais e temos o dever de os educar. O facto de acabar com os berros
não quer dizer que percamos a autoridade. Temos de continuar a estabelecer
regras que os ajudem a crescer fortes e saudáveis (ao nível físico, psicológico
e moral). Só assim estaremos a fazer um bom trabalho!
Mas ao
incentivar a cooperação e a harmonia, estaremos a criar laços muito fortes com
os nosso filhos, que como vimos no último post (Confia em mim) resultam também
da relação de confiança que se estabelece entre nós.
Com esta entreajuda
temos conseguido manter a casa mais tranquila (em relação aos berros, pois
continuamos a ter imensos gritos, mas esses são de alegria e das brincadeiras).
Para além disso com a diminuição dos berros temos funcionado como uma
verdadeira equipa, onde os filhos são cooperantes, pois compreendem (de acordo
com a idade) que todos somos responsáveis pela alegria e bem-estar em nossa casa! 😊
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