Entender comportamentos



Somos, frequentemente, demasiado rápidos a fazer juízos e valor.
Isto acontece em todas as áreas da nossa vida… na nossa postura em relação às crianças também.

Quantas vezes já deste por ti a ver uma criança a fazer uma birra e pensar…”Se fosse meu filho…”
Talvez depois de seres mãe/pai esta tua postura tenha mudado um bocadinho…

Mas a questão é que cada criança é diferente e nós não conhecemos todo o seu contexto, a sua história, as suas vivências,…
Logo, não sabemos o que causou determinado comportamento.

Não estou com isto a querer dizer que todos os comportamentos são aceitáveis, apenas que devemos deixar de lado o julgamento.

Mas, se por um lado, não conhecemos todo o contexto da criança, por outro lado temos algumas luzes sobre como se dá o desenvolvimento do seu cérebro, o que nos ajuda a compreender melhor, por que motivo existem certos comportamentos que são típicos de determinadas idades.

Podemos dizer que o nosso cérebro é constituído por 3 cérebros:
· O cérebro reptiliano, também conhecido pelo cérebro “instintivo”, é o mais primitivo de todos e que é responsável pelas sensações primárias como fome, sede, batimento cardíaco, regulação da respiração, deteção de alterações da temperatura corporal, etc.
· O cérebro emocional, responsável pela distinção entre emoções agradáveis e desagradáveis, ativa-se para evitar sensações desagradáveis e para procurar emoções agradáveis.
· O cérebro racional, o mais evoluído dos três, é aquele que nos distingue dos outros animais e que nos permite ter consciência de nós próprios, comunicar, raciocinar, ser empáticos ou tomar decisões.

Até ao primeiro ano de vida, a criança age apenas segundo o seu cérebro reptíliano, logo não adianta de muito tentar utilizar o raciocínio lógico para acalmar um bebé que tenha fome, sede ou outro desconforto, pois a única coisa que o irá acalmar é a satisfação da sua necessidade (comer, beber, dormir, mudar a fralda, etc.).
A partir do primeiro ano de vida, o cérebro emocional começa a desenvolver-se, interagindo com o cérebro reptiliano. Nesta fase, é importante distinguir quando o comportamento é mais instintivo ou mais emocional. Quando se verificar que é a parte emocional que está mais ativa é importante ajudar a criança a conseguir o que quer e a aprender a conformar-se com o que não pode ter. Para que a criança consiga aprender a lidar com o seu lado emocional, é importante que se sinta amada e segura, cabe aos pais e educadores garantir que isso acontece.
Por fim, a partir dos 3 anos as crianças começam a ser capazes de controlar os seus instintos básicos e a aprender a utilizar a intuição, a razão e a vontade. A partir desta fase, já é possível ajudar a criança a pensar, a relembrar e a conectar-se com o seu lado mais emocional.

Quando sabemos como as coisas funcionam torna-se mais fácil lidar com elas. E com o nosso cérebro é a mesma coisa.
No entanto, é importante salientar que apesar de cada parte do nosso cérebro se desenvolver em alturas diferentes da nossa infância, devemos estimulá-lo devidamente para que se desenvolva em todo o seu potencial. Por exemplo, se tivermos duas crianças em que uma aprende a lidar com as suas emoções e a outra não, em adultos estaremos perante duas pessoas cuja inteligência emocional estará desenvolvida de forma muito diferente.

Assim, ao compreendermos melhor como se dá desenvolvimento do cérebro dos nossos miúdos sabemos como lidar com os diferentes comportamentos (nas diferentes idades), e, do mesmo modo, aprendemos de que forma podemos estimulá-los de acordo com a fase do desenvolvimento em que se encontram.

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