E se o segredo não for ter mais paciência, mas saber usá-la a tempo?


Hoje quero partilhar contigo a história de uma mãe que, como tantas mães com quem trabalho, acordava todos os dias com a melhor das intenções: “Hoje não vou gritar.”

Mas ao fim do dia… explodia.

Chama-se Maria. Tem dois filhos pequenos, com uma energia difícil de acompanhar e uma vontade própria que não facilita nada as rotinas. A Maria esforçava-se muito: repetia os pedidos com calma, contava até dez, tentava manter o bom humor. Mas acabava, inevitavelmente, por chegar ao fim do dia sem reservas… e explodia.

Gritava. Dizia coisas de que se arrependia. Os filhos ficavam assustados, o ambiente familiar fiava péssimo e ela sentia-se miserável.

Até que percebeu algo que quero que tu também saibas: talvez o segredo não seja aguentar até ao limite. Talvez o verdadeiro desafio seja aprender a usar a nossa irritação (ou a nossa falta de paciência) como sinal de alarme, não como última gota.


A escala de irritação (e como usá-la a teu favor)

Há uns dias, falava com uma mãe que me dizia:

    “Eu aguento, e aguento… até que um dia, basta uma coisa pequena e rebento. Depois fico mal comigo mesma.”

Conheces esta sensação?

Quando te irritas com os teus filhos, há sinais que o teu corpo te dá antes de explodires. O problema é que os ignoramos.

Imagina esta escala:

  1. Tensão no corpo – um desconforto subtil, um aperto no peito, um músculo a enrijecer.

  2. Reconhecimento da irritação – o cérebro apercebe-se de que algo te incomoda.

  3. Contenção – tentas manter a calma, talvez até tentes ignorar o que sentes.

  4. Acumulação – repetes instruções, voltas a pedir “com jeitinho”, sem resultado.

  5. Explosão – gritas, ameaças, dizes o que não querias dizer.


E se… em vez de tentares saltar do nível 1 para o 4 sem reagir, começares a agir logo no nível 2?

Foi isso que a Maria fez. Começou a dar atenção aos primeiros sinais de desconforto e, em vez de tentar engolir tudo até ao limite, pôs limites mais cedo. Com calma, mas com firmeza. Disse “não” antes de se sentir sem saída. Assumiu a sua irritação de forma clara, mas serena. E sabes o que aconteceu?

Pela primeira vez em muito tempo… não gritou.
Não porque tenha deixado de se irritar, mas porque reconheceu o que estava a sentir e expressou isso de forma construtiva.


E tu, consegues reconhecer os sinais antes de explodir?

Não é preciso seres a mãe mais paciente do mundo. Nem viveres como se nada te irritasse.

O que precisas é de te conheceres bem. De entenderes o que os teus filhos te fazem sentir. E de saber como queres agir quando isso acontece.

Porque sim, tu também tens o direito de te zangar.
Mas também tens a possibilidade de usar essa irritação como motor de criatividade e conexão.


Quando sentires que vais perder a paciência, pergunta-te:

    “O que é que me está a incomodar mesmo? E o que é que eu posso fazer agora para não chegar ao limite?”


Aprender a gerir a nossa irritação começa com um passo: reconhecer-te. Escutar-te. E, acima de tudo, permitir-te a agir com firmeza antes de explodir.

Porque quando te conheces, tornas-te numa mãe mais segura. E uma mãe segura é a melhor bússola que uma criança pode ter.


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