Pensamento crítico
Um tema com
que me tenho deparado diariamente é o desenvolvimento do pensamento crítico.
Já alguma vez
pensaste na importância que o desenvolvimento de pensamento crítico pode ter no
futuro dos teus filhos?
É frequente encontrarmos crianças (e adultos também) que assumem que determinada coisa é assim só porque alguém lhes disse.
Talvez valha a pena parar e pensar um bocadinho sobre a lógica da informação, sobre a sua origem, sobre a opinião que se cria à sua volta. A ideia não é incentivar a desconfiança, mas antes a formação de uma opinião bem sustentada.
Há alguns
pontos que me parecem importantes para ajudar a desenvolver o pensamento
crítico:
1. Não acreditar só porque os outros acreditam –
Muitas vezes as crianças (e muitos adultos também) acreditam em determinadas
coisas só porque os outros também acreditam. O que acontece é que estamos
constantemente a tentar encaixar em determinado grupo (ou na própria sociedade),
e torna-se difícil “enfrentar” os outros e dizer “isso não é assim”. Aqui, é importante
trabalhar com a criança a capacidade de confiar em si e naquilo que sabe. Quanto
mais confiante estiver a criança, maior será a coragem para dizer e agir de acordo
com aquilo que pensa e acredita.
2. Aprender a questionar – Já falamos no post Mas porquê?, que as crianças começam desde cedo a questionar tudo o que as rodeiam.
Esta etapa do seu desenvolvimento é excelente para lhes ensinar a fazer perguntas.
Pode parecer estranho, uma vez que elas já fazem perguntas por si, mas se lhes
ensinarmos a direcionar as perguntas, estamos a ajudar a desenvolver o pensamento
crítico. Por exemplo: imagina que estás no supermercado com os teus filhos e ao
vosso lado está uma criança a fazer uma birra porque quer levar um chocolate e
a mãe não quer comprá-lo (isto já me aconteceu). Podes aproveitar esta situação
para pores os teus filhos a refletir (não no próprio local, claro; mas no carro ou já em casa):
· Porque é que o menino está a chorar?
· O que achas do seu comportamento?
· Porque é que tens essa opinião acerca do seu
comportamento?
· O que achas do comportamento da mãe?
· Nesta situação o que achas que poderia ser
diferente?
· Etc.
· Não te esqueças de rematar com algo do género: “Bom
trabalho, assim já percebemos melhor o que se passou entre o menino e a mãe,
mas não se esqueçam que continuamos sem saber a história toda: se tiveram um
mau dia, se estão tristes ou zangados, se é um comportamento habitual ou foi
uma vez sem exemplo,…” (caso também te aconteça uma situação semelhante, tens
uma excelente oportunidade para lhes falares das birras, da sua opinião sobre o
assunto, o que é que eles fariam se fosse com eles, etc.)
3. Ter mente aberta – Lá porque determinado
acontecimento aconteceu uma vez, não que dizer que se repita. Muitas vezes
temos capacidade de, tendo a informação necessária, chegar a determinadas
conclusões. O que não faz com que essa conclusão seja vitalícia. Isto pode
parecer complicado de explicar aos miúdos, mas conseguimos dar a volta. Por
exemplo: a minha filha, no auge dos seus 5 anos, tem os seus desentendimentos
com as amiguinhas. Já por várias vezes chegou a casa a dizer que já não é amiga
desta ou daquela pessoa. Eu sei, mesmo sem falar com ela, que passados uns dias
já são as melhores amigas, mas é importante reforçar que apesar da tal amiga
ter feito algo que não gosta, não significa que o vá fazer sempre. E, claro
aproveitar para trabalhar as perguntas: “porque é que achas que ela fez isto?”,
“o que poderias ter feito para que alterar o comportamento dela?”, “como achas
que elas se sente (ou tem sentido)?”
Os exemplos
que referi são todos da área comportamental, mas há outros pontos que podem e
devem ser trabalhados. Pensando no pensamento crítico de conceitos ou outras
realidades, é importante ensinar as crianças (um pouquinho mais mais velhas) como e onde pesquisar
informação que lhes permita adquiri o conhecimento necessário para poder tirar
melhores conclusões.
Como referi no primeiro ponto, uma das coisas mais importantes é ajudar a criança a confiar em si. Só
assim terá a coragem de verbalizar e de agir de acordo com aquilo que pensa e
acredita!
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