Os teus filhos vivem numa redoma de vidro?


Os nossos filhos são o que temos de mais precioso!

Podem ser faladores, calados, traquinas ou tímidos. Independentemente das suas características individuais, é inegável que queremos proporcionar-lhes o melhor que temos e que podemos.

Por vezes, porém, caímos no extremo de os superproteger, seja porque são mais frágeis, ou porque não queremos que se magoem. É certo que faz parte da nossa função de pais e educadores zelar pela sua segurança, mas se os pusermos numa redoma de vidro acabamos por impedi-los de contactar com situações que lhes poderiam trazer aprendizagens fundamentais para o seu crescimento e desenvolvimento como futuros adultos competentes e capazes.

A minha sugestão é que quando te deparares com uma situação em que a tua tendência natural seja ”Deixa estar que eu faço!”, penses duas vezes. Porque é que o teu filho não pode fazer o que se preparava para fazer?

É perigoso? – Se for algo realmente perigoso, como mexer em fogo ou em facas, ou outra coisa qualquer que possa realmente fazer danos graves, então podes e deves intervir. Segurança em primeiro lugar!

Pode magoar-se (psicologicamente)? – Ninguém quer que os seus filhos sejam gozados ou mal tratados. O contacto com outras crianças e adultos é extremamente importante para o desenvolvimento de competências sociais, que deverão amadurecer com o tempo e tornar-se uma ferramenta importante na sua interação com os que o rodeiam. Muitas vezes, os mais novos dizem e fazem coisas que magoam os sentimentos. E nós, com medo que os nossos filhos sofram acabamos por protegê-los. Claro que há situações e situações, mas pensando nos desentendimentos do dia-a-dia (ou seja nada de grave), talvez seja mais importante ajudar os nossos filhos a aprender a lidar com as situações. Dar-lhes ferramentas para que não tenham medo nem vergonha de dar a sua opinião, para que confiem em si, para que sejam corajosos e saibam dizer que “não”, para que saibam lidar com as frustrações, para que aprendam a gerir os seus sentimentos perante diversas situações, enfim… a lista é imensa. O que eu quero dizer é que, sim devemos estar presentes e apoiar os nossos filhos, mas também temos a obrigação de os deixar contactar com os outros e ensiná-los a viver em sociedade, sem terem que pôr de lado os seus valores e características individuais.

Pode sujar tudo? – Os miúdos adoram explorar, e muitas das brincadeiras que gostam de fazer incluem um bocadinho de “sujidade”. Pintar com pincéis ou marcadores, brincar com plasticina (que hás vezes fica colada no sofá ou espelhada pelo chão), brincar com terra, areia ou lama (que suja a roupa ou o chão), fazer recortes com uma tesoura adequada à idade (acabas sempre por encontrar pedacinhos de papel perdido algures atrás da estante ou do sofá) ou até comer sozinho quando são mais pequenos. É verdade que suja e depois há que limpar, mas também é verdade que enquanto fazem uma das atividades que referi atrás ou outra semelhante estão a desenvolver diversas competências, sejam elas a destreza motora (motricidade fina) ou a capacidade de descobrir as diferentes texturas, ou ainda a capacidade de aprender a lidar com esses objetos e descobrir como utilizá-los sem sujar tanto. É ao lidar com as situações que aprendemos, mesmo sem darmos por ela, como lidar com elas. Com os miúdos é igual! Por isso, sugiro que os deixes explorar. Aproveita a oportunidade para passar tempo com eles e para os ensinares a manusear os objetos. Se não quiseres que eles pintem na mesa da sala de jantar (para não dar cabo da mesa) coloca uma proteção na mesa ou encontra outro sítio onde o possam fazer descontraidamente. Usa a tua imaginação!

São demasiado pequenos? – Os mais novos adoram imitar os mais velhos. E provavelmente passa-lhes pela cabecita: “ Se eles fazem eu também posso!”. Nós, os mais crescidos, temos uma certa tendência para agir (ainda que por vezes de forma inconsciente) como se eles fossem muito dependentes para tudo. Agora pergunto eu: Será mesmo assim? É certo que há coisas que não poderão ajudar, mas, certamente, haverá outras tantas em que poderão colaborar um bocadinho mais. O mais importante é pensar, não tanto na idade, mas nas capacidades próprias da criança. Por exemplo, os meus filhos (2 e 5 anos) adoram ajudar a fazer as camas (principalmente de tirar os lençóis sujos e substituir pelos lavados). Como deves imaginar, acabo por demorar o triplo do tempo a fazer esta tarefa. Mas aproveito sempre o seu entusiasmo, pois para além de lhes estar a incutir que é importante participarem nas tarefas domésticas, acabam por estar a trabalhar a sua autoestima (pois sentem-se úteis) e é uma forma de estarmos juntos. E também pode ser muito divertido!!! Por isso, antes de pensares em impedi-los de fazer algo, pensa no motivo pelo qual o estás a fazer. Serão mesmo demasiado novos?

Enquanto pais, vivemos constantemente em busca do melhor para os nossos filhos. Não queremos que nada de mal lhes aconteça…mas estaremos realmente a protege-los? Ou a impedi-los de crescer?

Pensa nisso!

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