Estou a ouvir...ou será que não...
“Mãe/Pai, vem
brincar comigo!!!”
Acredito que
esta frase é repetida em imensos lares. E também acredito que muitas são as
vezes em que não prestamos verdadeiramente atenção ao que realmente está a ser
dito…
Como assim?
Provavelmente
estás a pensar: “Claro que estou a prestar atenção! O meu filho está a dizer-me
que quer que eu vá brincar com ele!”
Sim, na
verdade pode ser exatamente isso! Mas também pode estar a querer dizer mais
alguma coisa, como: “Mãe/Pai, sinto a tua falta! Quero ter-te mais presente!
Quero que fiques bem pertinho de mim e prestes muita atenção às minhas
brincadeiras e às coisas que eu tenho para te mostrar!”
Muitas vezes
quando estamos com outras pessoas, sejam elas os nossos filhos, família,
amigos, colegas de trabalho, etc, conversamos em modo automático. Ou seja vamos
respondendo, mas na verdade a nossa atenção não está focada na conversa, mas
sim nos nossos pensamentos. Deste modo torna-se difícil estarmos realmente
envolvidos no diálogo que estamos a estabelecer. Já te aconteceu?
Pois é, talvez
nunca te tenhas apercebido, mas fazemos isto muitas vezes (eu também)!
E o que acaba
por acontecer é que a pessoa com quem falamos acaba por se aperceber que não
estamos realmente lá. O mesmo acontece com os nossos filhos.
As crianças
são sensíveis a estes detalhes, e se queremos estar verdadeiramente presentes,
temos também que os escutar. E digo escutar, não ouvir.
Ouvir é apenas
isso mesmo…deixar os sons entrar nos nossos ouvidos. Escutar vai mais longe,
inclui prestar atenção, analisar, compreender realmente o que nos está a ser
dito. Quando escutamos tornamo-nos empáticos (já falei sobre a empatia, A tua dor também é minha…), ou seja, ganhamos a capacidade de nos pormos na posição
do outro e ficamos mais perto de alcançar os sentimentos do outro.
Talvez já te
tenha acontecido estares no supermercado e apesar do teu filho saber que não
vale a pena pedinchar (pois hoje é só mesmo comprar os ingredientes para o
jantar), lá vê um boneco igualzinho ao dos desenhos animados e…:”Oh, Mãe!!!!! Olha
aquele boneco!”. E tu dizes logo: “Já sabes que não o vamos levar!” e afastas o
carrinho muito depressa antes que o miúdo veja mais alguma coisa que lhe chame
a atenção.
Um exemplo de
resposta recorrendo à escuta ativa poderia ser: “Eu sei que tu gostas muito
deste boneco, queres ver de perto como é? Que te parece? É mesmo giro, mas
agora vamos voltar a colocá-lo na prateleira, pois tínhamos combinado que só vínhamos
comprar o que precisávamos para o jantar.”
É possível que
o teu filho só quisesse mesmo ver o boneco. Também é possível que fique triste
e até chore, pois gostava mesmo de levar o boneco para casa. Mas na verdade,
demonstraste que compreendeste os seus sentimentos, e depois agiste com o que
já estava combinado. Revelaste ao teu filho que estavas em sintonia com ele, se
ele ficar zangado ou triste porque não lhe compraste o boneco, então aí terá que
aprender a lidar com a frustração (pois já estava previamente combinado que só
iriam fazer compras para o jantar).
A escuta ativa
implica que tenhamos capacidade de fazer um reset
aos nossos pensamentos para que consigamos perceber a mensagem que os outros
nos estão a tentar transmitir.
Quando conseguimos
escutar os outros de forma ativa, demonstramos um enorme respeito pelos outros,
compreensão pelos seus sentimentos e necessidades, e além disso…apresentamos
uma verdadeira prova de amor!
Nos dias que
correm, temos tempo e capacidade para lidar com as redes sociais…e com as
pessoas?
Estaremos a
perder a capacidade de escutar de forma verdadeira e profunda?
Deixo-te um
desafio…
Vamos centrar
a nossa atenção naquilo que os outros nos dizem!
Vamos focar
naquilo que os nossos filhos os dizem!
Vamos estar
realmente presentes, escutando de forma ativa e empática!
Só através da
compreensão das necessidades dos nossos filhos, conseguiremos ajudá-los a
sentirem-se verdadeiramente amados!
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